quarta-feira, 16 de março de 2011

Resumos de Teses e Dissertações dos membros do GEP Diversidade Cultural e Cidadania.

Machado, Sandra Maria Caldeira. Os serviços estatísticos em Minas Gerais na produção, classificação e consolidação da instrução pública primária (1871-1931). Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.


Esta dissertação tem como objeto de estudo a instituição dos serviços de estatística, especialmente os educacionais, como formas de organização das categorias educacionais e escolares em Minas Gerais no processo de consolidação do Estado moderno brasileiro entre os anos de 1871 a 1931. Investigamos as relações estabelecidas entre a constituição de um aparato burocrático de recolha e sistematização de dados estatísticos e educacionais e o ordenamento da escolarização mineira no sentido de constituir categorias educacionais e escolares nos recenseamentos e nos registros escolares de 1871 a 1931. Para isso, foi importante investigar de que modo a estatística nacional, especialmente com os recenseamentos, contribuiu para a instituição e legitimação do Estado e da educação, em um duplo movimento. O limite temporal investigado inicia-se em 1871, ano em que foram dadas as bases para a criação da Diretoria Geral de Estatística na Corte na tentativa de instituir um sistema federal de estatística, e finaliza em 1931, ano da realização do Convênio Interadministrativo de Estatísticas Educacionais e Conexas, que estabeleceu as referências para a homogeneização das estatísticas educacionais brasileiras. Procedeu-se inicialmente, à discussão sobre as iniciativas em âmbito federal de organização das estatísticas, especialmente as censitárias, no sentido de compreender as questões educacionais inquiridas pelos recenseamentos de 1872 a 1920. Com isto, foi possível estabelecer as conexões entre a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e a relevância da educação nesse processo. Além disso, identificamos as relações entre as iniciativas nacionais e as realizações regionais ocorridas em Minas Gerais no que diz respeito às tentativas de ordenação de um sistema estatístico. Nesse processo, identificamos a organização do aparelho de estatística mineiro e a produção dos registros estatísticos escolares na seção de estatística escolar da secretaria do interior, de forma independente. Nos recenseamentos nacionais e nos relatórios do governo mineiro notamos que a produção e a divulgação das estatísticas educacionais e escolares contribuíram para o ordenamento do campo educacional, especialmente da instrução pública primária, pelas diversas categorias educacionais formuladas. Constatamos, ainda, que os dados escolares fizeram parte de uma estratégia de disseminação e consolidação da instrução pública mineira realizada pela sua divulgação em uma revista oficial, a Vida Escolar (1916-1926). O período pesquisado evidencia-se como um período bastante profícuo e significativo em que o pensamento contábil foi fundamental para a disseminação e consolidação do processo de escolarização em Minas Gerais.

Palavras-chaves: Ensino primário, Estatísticas educacionais, História da educação, Instrução pública, Serviço de estatística.

Resumos de Teses e Dissertações dos membros do GEP Diversidade Cultural e Cidadania.

Fonte - Foto: Blog Cooperifa

Magalhães, Lilianne Sousa. Participação de jovens em grupos culturais e mobilidade no espaço urbano de São Paulo.  Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa sobre as trajetórias e a sociabilidade urbana de jovens pertencentes a grupos culturais na cidade de São Paulo. O objetivo fundamental deste estudo foi desvendar a relação existente entre grupos culturais e experiência urbana de jovens de periferia. Para isso, foi preciso saber sobre suas vivências cotidianas: para onde estes/as jovens se deslocam, quais os seus trajetos, de que forma vivenciam e elaboram a experiência da cidade e as maneiras pelas quais se apropriam do espaço urbano e neste constroem os seus circuitos. O problema colocado é: os grupos culturais podem interferir na forma com que jovens se apropriam do espaço urbano? Este trabalho se justifica devido à pouca preocupação existente em entender o/a jovem e sua relação com a cidade, sendo esta tratada, na maioria das vezes, apenas como cenário de práticas culturais. Os/as jovens estudados/as foram encontrados/as em um grupo cultural chamado Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e, para enfrentar o problema proposto, os procedimentos adotados foram: a observação direta, questionário, entrevista e aplicação da atividade denominada cartografia da sociabilidade juvenil, que consistiu na elaboração de mapas para representar os trajetos dos/as jovens pesquisados/as. Foram utilizadas noções como território, segregação espacial, estigma, apropriação, experiência urbana e representação. Foi feita uma descrição da Cooperifa, o ritual do sarau e a sociabilidade vivida, uma caracterização dos/as jovens participantes e foi traçado um perfil dos/as jovens e seu/s grupo/s dentro dos seguintes tipos: jovens cooperiféricos/as, jovens integrantes de grupos multiespaciais, jovens multiparticipantes e jovens integrantes de grupos locais. Na análise dos dados obtidos em campo, mostrou-se como os/as jovens fazem uso dos equipamentos públicos da cidade, a influência do/s grupo/s cultural/is na utilização dos lugares mencionados, lançando luz sobre o bairro, a periferia e os seus territórios. Foi tratado o tema do tempo livre dos/as jovens, seus fazeres, trajetos e pontos de encontro, a interferência de ambientes como família, escola e trabalho. Também foi abordado o cotidiano dos/as jovens antes e após a entrada em algum grupo, a ampliação das suas relações com a cidade e a abertura dos espaços proporcionada pelo/s grupo/s cultural/is. Além disso, indicaram-se alguns fatores que podem influenciar em certa interdição da circulação de jovens. Discutiu-se as formas de pertencimento e mobilidade dos/as jovens em grupos culturais, o que pretendem em seus grupos e analisado os significados atribuídos à Cooperifa. Concluiu-se que grupos culturais contribuem para que a experiência urbana daqueles/as jovens seja alargada, no entanto, foi verificada a existência de modalidades de apropriação de acordo com o tipo de grupo do qual o/a jovem participa, portanto uma mobilidade que comporta peculiaridades.

Palavras-chaves: espaço urbano, grupos culturais, juventude, mobilidade, sociabilidade, territórios

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